Continuou no buraco negro. Nada mudou, aliás, só piorou ainda mais. Pela primeira vez de sempre, acordar de manhã e ter de lidar com a triste realidade em que vivo fez com que a morte fosse pacificamente tranquila. Se eu tivesse de descrever as coisas neste momento escolheria as palavras dor, agonia e desejo de morte, nunca pensei que essas palavras caracterizassem o que estou a passar agora. 

Não quero falar deste assunto com ninguém, não me quero lembrar de tudo o que aconteceu, não quero acordar de manhã e ter que viver os mesmos dias, não quero ter de acordar. Quero permanecer ali, quero permanecer no buraco a baixo da terra que faz com que tudo seja apenas nostalgia, e por isso, tudo é melhor lá. Se calhar falar ou até pensar nisso faça-me pior, mas no final do dia foi a única coisa que permaneceu na minha mente.